
Talvez por já estar acostumado, eu conseguisse entender o porquê
de tamanha curiosidade quanto aos desenhos animados: o aparelho era uma grande
novidade. À noite, mudava o público. Antes, a casa da vovó não
ficava tão cheia, com tanta freqüência.
Com a chegada do aparelho, as pessoas vinham,
cumprimentavam-se, sentavam-se e logo começavam a ver televisão. Eram os
“televizinhos”, como se dizia na época. ( São Paulo, 1988) Essa história
serve para ilustrar como a televisão consegue exercer domínio sobre as pessoas.
Naquela época era fácil entender o porquê da TV ser algo tão atrativo.
A TV era uma novidade e poucas pessoas a possuíam. Hoje é bem
diferente, é difícil encontrar uma casa que não possua televisão. Então,
qual influência este aparelho tem sobre a sua vida?
Se você disser: nenhuma. Sem querer cometer
equívocos, talvez você possa estar mentindo. Não para mim e nem para Deus
ou qualquer outra pessoa, mas para você mesmo (a). Há quem diga: ” a
televisão veio para introduzir diálogos e discussões, ela faz com as pessoas
pensem”. Eu posso dizer que sou avessa a essa idéia, pois na maioria das
vezes o que ela faz é exatamente o contrário, (não a TV em si, mas a
programação transmitida por ela).
A grande exposição à televisão tem suprimido o diálogo
doméstico, a conversa das pessoas e tem feito com que a maioria da sociedade se
torne imitadora dos conceitos televisivos. A colunista do St. Petersburg Times, Carol
Gentry publicou em seu artigo ( Slaves to the set: U.S. hooked
on TV/ Escravos do aparelho: EUA presos pela TV ), um estudo que fala dos
efeitos que a televisão causa sobre a mente humana. Neste estudo os
pesquisadores chegaram à conclusão que TV: É muito mais poderosa do que muitas
pessoas pensam e funciona de formas ainda desconhecidas.
É, no mínimo, formadora de hábito e, possivelmente,
viciadora. Envia uma mensagem pérfida: que a habilidade para comprar
coisas é o alvo mais elevado da vida. Milhões de pessoas encontram-se
presas à TV, que se encaixam no critério de vício por drogas, no manual
psiquiátrico oficial, diz kubey, co-autor de Television and the quality of
life: how viewing shapes everyday experience [ A televisão e a qualidade de
vida: como assistir molda a experiência diária ].
Telespectadores compulsivos exibem cinco sintomas de dependência,
diz ele, dois a mais do que o necessário para se chegar a um diagnóstico
clínico de vício por drogas. Embora deseje assistir a um programa ou
dois, a maioria dos telespectadores acaba assistindo hora após hora. É
similar ao erro cometido pelos alcoólatras, que pensam que podem beber só um
drinque, ou de ex-fumantes que pensam que um cigarro não vai fazer mal.
Mesmo aqueles que reconhecem que assistem muito não parecem capazes de
reduzir. ”Não lhe posso contar o número de pessoas que me disseram que tiveram
de se livrar do aparelho ou cortar assinatura da TV a cabo para controlar
isso”, diz Kubey. ”Eles se sentem impotentes”. Atividades
importantes, familiares ou pessoais, são canceladas ou reduzidas para se
encaixarem com a televisão.
A saúde sofre, pois os telespectadores compulsivos não
fazem muito exercício. Assim também os relacionamentos familiares[...].
Sintomas de abstinência aparecem quando telespectadores compulsivos param
ou diminuem. Durante o período de reajuste, diz Kubey, “algumas famílias
experimentarão mais conflito, estresse e tensão”. Aqueles que assistem
muito à televisão tiram menos diversão dela do que aqueles que assistem menos,
descobriu o pesquisador. Contudo, o hábito é poderoso, porque um apertar
de botão produz relaxamento
instantâneo,
muito similar ao efeito do Valium (GALLAGHER, Steve. Liberte-se das
paixões deste mundo, p.140. Rio de Janeiro: Graça, 2003)
A televisão é vista como um recurso lúdico. Normalmente
quando se está intediado(a), cansado ou “sem nada pra fazer”, na maioria das
vezes, recorrer à televisão é a solução, porque é a forma mais barata, mais
fácil e disponível que até agora inventaram. Como diria o pr. Jaime
de Amorim:” um controle remoto na mão pode ser benção ou maldição”. Ter
conhecimento de que existem pessoas viciadas em televisão não é tão
surpreendente quanto saber que entre essas pessoas existem cristãos, e isso não
ocorre apenas nos EUA, o Brasil é hoje, um dos países mais televisivos
existentes. Inescusável é, ver que esses mesmos cristãos já estão tão
enredados, emaranhados pelo engodo disseminado nos conteúdos programados pela
televisão, que não se dão conta do abismo em que estão caindo.
Dificilmente tais pessoas não guardam o que a Palavra de
Deus diz ( Jó 11.12 ) e não percebem que podem acabar perdendo mais, do que
ganhando, de acordo com as opções que escolhem. Não quero parecer
generalizadora, por isso, ressalto que existem ainda, canais com programações
adequadas, pessoas realmente preocupadas com a qualidade das mensagens transmitidas
para o receptor – o telespectador. Entretanto há uma minoria que se
preocupa em manter esse bom nível, de qualidade programática.
Em conseqüência, tende a se perpetuar o comodismo, a
insensibilidade dos espectadores diante das correções convincentes dadas pelo
Espírito Santo em relação ao que assistimos na televisão. Lembremo-nos:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as
coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”(1Co 6.12 ).
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